sábado, 19 de setembro de 2009

Pronomes e Outros Problemas Com Português

Pronomes pessoais, em qualquer língua, apresentam problemas especialmente para as pessoas que estão tentando aprender outro idioma. Eles (pronome referente à palavra ‘pronomes’ na primeira oração) são particularmente difíceis em português. Claro que as regras gerais de pronomes pessoais são bastante simples — caso reto, caso oblíquo, singular, plural e pessoa, mas na prática, é outra coisa. A posição do pronome dentro de uma frase se coloca às vezes antes do verbo e às outras vezes depois do verbo. Imagine-se (está vendo?) um estrangeiro tentando conversar gramaticamente correto e eloquêntemente e antes de dizer algo, ele tem que pensar, “Qual pronome vou usar neste caso: o ou a?” Este pronome vem antes ou depois do verbo? O verbo que eu vou usar termina em vogal, -r, -s, ou –z? Então o que é que eu faço? Mas, se o verbo estiver na forma de infinitivo, eu tenho que cortar algo e modificar o pronome? Além disso, se o verbo terminar em som nasal, é outra modificação que tenho que lembrar.

Gasto tanto tempo para determinar qual é o correto que acabo esquecendo o que queria falar.

Na prática, o brasileiro nem presta atenção às regras. Ele fala, por exemplo, “Eu vi ele, ontem” ou “Tragam elas aqui”. Esta forma de emprego de pronome é muito mais fácil, prático e facilita a comunicação. Eu sugiro que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa aprove uma grande simplificação do uso de pronomes e que leve muito menos tempo que as últimas modificações (19 anos) para entrar em vigor. Senão, me levarão 19 anos para aprender as regras dos pronomes pessoais e todas as suas exceções. Deus me livre!

Falsos Amigos, Falsos Conhecidos e Falsos Cognatos

Outra coisa que me dá dor da cabeça: falsos amigos, falsos conhecidos e falsos cognatos. Vocês que já tiveram a experiência de falar outra língua como eu? Sabem do que eu falo?

Para vocês que
não conhecem do que eu falo, os falsos cognatos são palavras normalmente derivadas de palavras do latim que tem a ortografia semelhante entre línguas, mas que a longo prazo, elas adquiriram um significado diferente. Por exemplo, em inglês, to pretend não é pretender, mas fingir. Pretender em inglês significa to intend como I intend to go (Eu pretendo ir). Na maioria das vezes, não há problema nenhum no uso de palavras similares entre inglês e português. Apesar disso, podem surgir problemas na comunicação para aqueles que falam em outra língua.

Um sábado, minha família brasileira esteve reunida na sala de jantar na casa de meus sogros. Meu sogro me pediu para experimentar uma comida que antes eu não conhecia. Eu experimentei, gostei e comecei a ler a lista de ingredientes. Terminando de ler, eu anunciei a todos, “Que boa é esta comida e não tem nenhum preservativo", pensando na palavra inglesa preservative. Entre gargalhadas, me foi explicado por minha família que preservativo tem outro significado e a palavra que eu deviria usar era conservante. Agora, eu não vou mais usar essa palavra. Em seu lugar, vou dizer comida natural ou orgânica.

Português para Estrangeiros

Eu sou estrangeiro morando no Brasil. Por isso, eu tenho que conquistar outra língua, neste caso, o português. Depois de sete anos morando em Brasil, se pensaria que eu não mais teria problema com este idioma. Errado, gente! Eu vou dar-lhe vários exemplos da dificuldade que traz esta língua portuguesa. A língua portuguesa falada no Brasil tem várias assentos, dando ênfase em uma sílaba ou em uma pronúncia que somente um nativo pode fazer. No último caso, ela desafia uma pessoa não nativa distinguir no falar e no ouvir. Olhe os lábios de um estrangeiro tentando pronunciar com clareza as palavras “avô” e “avó”. Não parece que o estrangeiro tem defeito no falar? “Como é que podemos saber o porquê de “porque”, “ por quê” ou “ por que”? Que trem difícil! Imagine a vergonha que eu passei recentemente por culpa desta língua. Sentado fora, esperando a aula de judô de meu filho acabar, passou na minha frente um “bando de estudantes” de três ou quatro anos de idade. Eles pararam para me contar que tinham visto uma cocó. Que eu ouvi, porém, “cocô”. Eu, vendo entusiasmo deles, lhes perguntei se o cocô tinha mau cheiro. “Não, senhor”, eles me dizem, “A cocó voou.” “Voou?” eu lhes perguntei. “Sim, senhor, a cocó voou”. Naquele momento, a professora deles me disse que eles estavam falando de uma galinha! Agora, de madrugada, quando eu escuto o canto do galo brasileiro, eu não sei se ele está dizendo “cocoricocó”, “cocôricôcó” ou “cocoricoco”, mas eu continuarei tentando entender este português.